04/12 - Exposição Reticências...

Local: Gare da Mata -Vila Darcy Penteado - São Roque (SP)


A partir de 4 de dezembro, a Gare da Mata receberá a exposição Reticências…, de Regina Helene. Reunindo cerca de 20 trabalhos, entre pinturas e esculturas, a mostra é composta por um panorama da produção recente da renomada artista, com obras realizadas nos últimos dois anos. O espaço Gare da Mata é localizado na Vila Darcy Penteado, em São Roque, área que também contempla o hotel 5 estrelas Villa Rossa e o Clube de Golfe Vila da Mata.

 Marcando o ínicio da exposição, no dia 3 de dezembro, a partir das 12h, será realizado o “Encontro Cultural da Vila Darcy Penteado - Movimento Cultivando no Interior”. A programação envolverá arte, gastronomia, música e cultura. Já a partir das 13h30, será servido um almoço especial, aberto ao público, acompanhado pela apresentação musical de Tatto Ferraz. Para participar do encontro é necessário adquirir convite, antecipadamente no local. O valor arrecadado será revertido para o lançamento do Movimento Cultivando no interior (Cult.in), que tem por objetivo ampliar as ações que já vêm sendo desenvolvidas desde 2001 pela Associação Vila Darcy Penteado. 

Formada em Direito, Regina Helene começou a sua trajetória nas artes plásticas há sete anos, produzindo um trabalho figurativo a partir de esculturas em bronze. Nessa fase inicial, a artista retratava, principalmente, motivos vinculados à figura do feminino, elaborados a partir de imagens que remetiam ao sagrado e ao ancestral. Destaca-se, nesses trabalhos, o apurado tratamento formal com que a artista produzia suas obras, marcadas pelas formas - que remetiam ao movimento das ondas, do vento e da natureza de modo geral - que Regina habilidosamente imprimia ao bronze. Criava-se, assim, um potente embate entre a rigidez da matéria e a fluidez final dos trabalhos.

 Após anos se dedicando à escultura, a artista passou a desenvolver uma ampla pesquisa em torno da linguagem da pintura. Nessa produção, a figuração - marca de sua fase anterior - começa a dividir espaço com a abstração. Mas não se trata de uma abstração geométrica relacionada a vanguardas de cunho essencialmente racionalista, mas sim de uma produção mais próxima daquilo que ficou conhecido como abstracionismo informal. Para esse movimento, assim como para o trabalho de Regina Helene, adquirem grande importância a pesquisa cromática, a liberdade de criação do artista, fundamentada no inconsciente e na intuição, e o jogo de formas orgânicas.

 A permanência, inclusive, dessa marca do orgânico nas diferentes fases de atuação da artista revela o rigor teórico que fundamenta e perpassa toda sua produção. Para a artista, o Universo e a Natureza, que já eram fonte de inspiração para a elaboração do seu trabalho, se consolidam enquanto matrizes fundamentais para a realização de suas pinturas, em um processo de produção das obras que ela própria define como uma espécie de meditação.

 Nas diversas telas em tinta acrílica que Regina vem produzindo, é possível identificar aproximações não apenas com o abstracionismo informal, como já mencionado, mas com uma série de outros movimentos que parecem servir como influência à sua produção. Em alguns trabalhos, por exemplo, a paleta de cores utilizada lembra muito aquela empregada pelos fauvistas, ao passo que, em outros momentos, a gestualidade assertiva de suas pinturas parece remeter a algo do Expressionismo Abstrato. Essa ampla gama de referências não representa, como se poderia supor, um academicismo estéril. Pelo contrário, ela revela um amplo conhecimento humanístico de Regina Helene que, quando calcado na experiência do fazer artístico, abandona qualquer propósito autorreferencial para dar espaço a uma função comunicacional da arte.

 Assim, o interesse de Regina Helene é fazer arte, pensar arte e, também - e principalmente - falar sobre arte. Não à toa, o título da exposição - Reticências - foi escolhido pela artista por veicular a ideia de que a interpretação do trabalho de arte é algo inerentemente aberto, sujeito à percepção de cada espectador, que traz consigo uma bagagem própria para leitura da obra. É esse interesse no debate, na livre construção do pensamento que, associado a um rigor teórico, faz do trabalho de Regina Helene, apresentado agora nessa exposição, uma produção muito interessante de se acompanhar.